quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Romanos 2. 8, 9:
Mas ira e indignação aos facciosos, que desobedecem à verdade e obedecem à injustiça. Tribulação e angústia virão sobre a alma de qualquer  homem que faz o mal, ao judeu primeiro e também ao grego.
ESCRITOR: JONATHAN EDWARDS
É a intenção do apóstolo Paulo, nos três primeiros capítulos desta epístola, mostrar que tanto judeus quanto gentios estão debaixo do pecado, e que, portanto, não podem ser justificados por obras da lei, mas apenas pela fé em Cristo. No primeiro capítulo, ele mostrou que os gentios estavam debaixo do pecado. Neste, mostra que os judeus também estão, e que, conquanto fossem severos nas suas censuras aos gentios, faziam, contudo, as mesmas coisas, pelo que o apóstolo os acusa: “Portanto, és indesculpável, ó homem, quando julgas, quem quer que sejas; porque, no que julgas a outro, a ti mesmo te condenas; pois praticas as próprias coisas que condenas.” E os adverte que não sigam por esse caminho, prevendo-lhes a miséria a que ficarão expostos, e dando-lhes a entender que, ao invés de sua miséria ser menor que a dos gentios, seria maior, por Deus ter sido mais benevolente com eles que com os gentios. Os judeus achavam que estavam livres da ira vindoura, porque Deus os escolhera para ser Seu povo peculiar. Mas o apóstolo os informa que haveria indignação e ira, tribulação e angústia, para a alma de todo homem, não apenas dos gentios, mas para toda alma, e do judeu primeiro e em especial, quando faziam o mal, pois seus pecados tinham mais agravantes.
            Na passagem lida, encontramos:
I. Uma descrição dos ímpios, na qual podem ser observadas aquelas suas características que têm a natureza de uma causa, e as que têm a natureza de um efeito.
Aquelas características dos ímpios aqui mencionadas, que têm a natureza de uma causa, são o fato de serem facciosos, e não obedecerem à verdade, mas obedecerem à injustiça. Ser faccioso significa ser avesso à verdade, disputar com o evangelho, achar defeitos nas suas declarações e ofertas. Os incrédulos encontram muitas coisas nos caminhos de Deus em que tropeçam, e pelas quais se ofendem. Sempre estão disputando e achando defeitos em uma coisa ou outra; com isso são impedidos de crer na verdade e render-se a ela. Cristo é para eles uma pedra de tropeço, uma rocha de ofensa. Não obedecem à verdade, ou seja, não se rendem a ela, não a recebem com fé. Esse render-se à verdade e abraçá-la, que se encontra na fé salvífica, é chamado de obedecer, na Escritura. Rm 6. 17: “Mas graças a Deus porque, outrora, escravos do pecado, contudo, viestes a obedecer de coração à forma de doutrina a que fostes entregues.” Hb 5. 9: “E, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem.
Mas os ímpios obedecem à injustiça, ao invés de se render ao evangelho. Estão sob o poder e domínio do pecado, e são escravos de suas luxúrias e corrupções.
São nessas características dos ímpios que sua impiedade radicalmente consiste. Sua descrença e oposição à verdade e sua submissão servil aos desejos pecaminosos são o fundamento de toda impiedade.
Aquelas características dos ímpios que têm a natureza de um efeito são o fazer o mal. Esta é a sua menor oposição contra o evangelho, e é por serem servilmente submissos a seus desejos carnais que fazem o mal. Aqueles princípios ímpios são o fundamento, e a prática ímpia é a estrutura. Aqueles são a raiz, esta, o fruto.
II. Encontramos também a punição dos ímpios, na qual podem ser também notados a causa e o efeito.
As coisas mencionadas em sua punição que têm a natureza de uma causa são indignação e ira; ou seja, a indignação e ira de Deus. É o furor de Deus que tornará os homens miseráveis. Serão os objetos da ira divina, e daí surgirá toda sua total punição.
As coisas em sua punição que têm a natureza de um efeito são tribulação e angústia. A indignação e ira de Deus se converterão em extrema dor, aflição e angústia de coração neles.
DOUTRINA
Indignação, ira, miséria e angústia de alma são a porção que Deus reservou aos ímpios.
Todo ser humano terá a porção que lhe pertence. Deus reserva a cada um a sua porção. A porção do ímpio nada mais é senão ira, aflição e angústia de alma. Embora possam gozar alguns prazeres e deleites vazios e inúteis, por alguns dias, enquanto permanecem neste mundo, contudo o que lhes está reservado pelo Senhor e Governador de todas as coisas como sua porção, é apenas indignação e ira, tribulação e angústia.
Esta não é a porção que os ímpios escolhem. O que escolhem é a felicidade mundana. Contudo, esta é a porção que Deus lhes concede. É a porção que, para todos os efeitos, eles escolhem para si, pois escolhem aquelas coisas que natural e necessariamente conduzem a esta porção, e aquelas que são claramente ditas, incontáveis vezes, que levam a ela. Pv 8. 36: “Mas o que peca contra mim violenta a própria alma. Todos os que me aborrecem amam a morte.” Mas quer a escolham, quer não, esta será a porção por toda a eternidade daqueles que vivem e morrem como ímpios. Indignação e ira os perseguirão enquanto viverem neste mundo, daqui os arrebatarão, e os seguirão para o próximo mundo. E lá, ira e miséria permanecerão sobre eles por toda a eternidade.
O método que usarei para tratar deste assunto é descrever a ira e a miséria das quais os ímpios serão os objetos, tanto aqui quanto na eternidade, em suas partes e períodos sucessivos, de acordo com a ordem do tempo.
I. Descreverei a ira que frequentemente acompanha os ímpios nesta vida. Indignação e ira, com frequência, começam com eles aqui.
1. Deus, com frequência, na sua ira, os entrega a si mesmos. São entregues aos seus pecados, e deixados para arruinarem a si mesmos, e trabalharem em sua própria ruína; Ele os abandona no pecado. Os 4. 17: “Efraim está entregue aos ídolos; é deixá-lo.” Ele, com frequência, permite que caminhem grandes distâncias no pecado, e não lhes concede a graça refreadora que dá a outros. Ele os entrega a sua própria cegueira, de maneira que permanecem ignorantes de Deus e de Cristo, e das coisas que pertencem à sua paz [Lc 19. 42]. Eles são, às vezes, entregues à dureza de coração, e se tornam estúpidos e insensíveis, de tal maneira que nada, jamais, os despertará completamente. São entregues à própria cobiça dos seus corações, para continuar em certas práticas ímpias, todos os seus dias. Alguns são entregues à avareza, outros à bebedeira, alguns à impureza, outros ao orgulho, disputas e espírito invejoso, e alguns a uma disposição acusadora e antagonista para com Deus. Ele os entrega à sua estultice, para agirem com excessiva tolice, para que adiem os cuidados de suas almas de tempos em tempos, para nunca acharem que o presente é o melhor tempo, mas sempre o manterem a distância, e tolamente se gabarem com esperanças de uma vida longa, e adiarem o dia mau, e se bendizerem no coração, dizendo: “Terei paz, ainda que ande na perversidade do meu coração, para acrescentar à sede a bebedice.” Alguns são deixados em tal estado que se tornam miseravelmente endurecidos e insensíveis, enquanto outros ao seu redor são despertados e, muito preocupados, perguntam-se o que devem fazer para ser salvos.
Às vezes, Deus entrega os homens a uma fatal apostasia devido ao mau aproveitamento dos esforços do Seu Espírito. São abandonados para a apostasia eterna. Terrível é a vida e a condição dos que são assim deixados sem Deus. Temos exemplos da miséria dos tais na santa Palavra de Deus, particularmente de Saul e Judas. Estes são, às vezes, entregues ao poder de Satanás para que os tente, e os conduza a práticas ímpias, agravando bastante sua própria culpa e miséria.
2. Indignação e ira são, às vezes, exercidas contra eles neste mundo, sendo amaldiçoados em todas as suas ocupações. Esta maldição de Deus os segue em tudo. São amaldiçoados nos seus prazeres. Se têm prosperidade, ela lhes é amaldiçoada; se possuem riquezas, se têm honra, se desfrutam prazeres, lá está a maldição de Deus presente. Sl 92. 7: “Ainda que os ímpios brotam como a erva, e florescem todos os que praticam a iniquidade, nada obstante, serão destruídos para sempre.
Há uma maldição de Deus que acompanha sua alimentação diária: cada pedaço de pão que comem, cada gota de água que bebem. Sl 69.22: “Sua mesa torne-se-lhes diante deles em laço, e a prosperidade, em armadilha.” São amaldiçoados em todas suas ocupações, em qualquer coisa que põem a mão; quando vão ao campo trabalhar, ou quando trabalham nos seus respectivos comércios. Dt 28. 16: “Maldito serás tu na cidade e maldito serás no campo.” A maldição de Deus permanece na casa em que habitam, e o enxofre está espalhado nas suas habitações [Jó 18.15]. A maldição de Deus está presente nas suas aflições, enquanto que as aflições dos justos são correções paternais, e vêm pela misericórdia. As aflições que os ímpios enfrentam são devidas à ira, e vêm de Deus como um inimigo, e são o prenúncio de sua punição eterna. A maldição de Deus também os acompanha nos seus aproveitamentos e oportunidades espirituais, e lhes seria melhor não haver nascido em uma terra onde há a luz [do evangelho]. O fato de terem a Bíblia e o Dia do Senhor apenas agrava sua culpa e miséria. A palavra de Deus quando lhes é pregada é cheiro de morte para a morte. Melhor lhes seria se Cristo jamais houvesse vindo ao mundo, se jamais houvesse oferta de um Salvador. A própria vida lhes é uma maldição; pois vivem apenas para encher a medida dos seus pecados. O que buscam em todos os divertimentos, e empregos, e preocupações da vida, é sua própria felicidade; mas jamais a obtém; jamais obtêm conforto verdadeiro, todos os consolos que têm são inúteis e não satisfazem. Se vivessem cem anos, com muito do mundo em sua possessão, suas vidas seriam todas preenchidas com vaidade. Tudo o que possuem é vaidade de vaidades, não acham descanso verdadeiro paras suas almas, tudo o que fazem é alimentar o vento oriental [Os 12.1], não têm real contentamento. Sejam quais forem os prazeres exteriores que possam ter, suas almas estão famintas. Não têm paz real de consciência, não têm nada do favor de Deus. O que quer que façam, vivem em vão, e futilmente; são inúteis na criação de Deus, pois não respondem ao fim para o qual foram criados. Vivem sem Deus, não têm a Sua presença, e nenhuma comunhão com Ele. Pelo contrário, tudo o que têm, e tudo o que fazem, não têm outro fim senão o de contribuir para sua própria miséria, e tornar seu estado eterno e futuro mais terrível. Os melhores dos ímpios vivem vidas miseráveis e mesquinhas, mesmo com toda a sua prosperidade; suas vidas são muito indesejadas, e, o que quer que tenham, a ira de Deus permanece sobre eles.
3. Depois de um tempo devem morrer. Ec 9. 3: “Este é o mal que há em tudo quanto se faz debaixo do sol: a todos sucede o mesmo; também o coração dos homens está cheio de maldade, nele há desvarios enquanto vivem; depois, rumo aos mortos.
A morte que recai sobre os ímpios é bem diferente da que recai sobre os justos; para os ímpios é uma execução da maldição da lei, e da ira de Deus. Quando um ímpio morre, Deus o extirpa em ira, ele é levado por uma tempestade de ira, e é impelido em sua impiedade. Pv 14. 32: “Pela sua malícia é derribado o perverso, mas o justo, ainda morrendo, tem esperança.” Jó 18.18: “Da luz o lançarão nas trevas e o afugentarão do mundo.” Jó 27.21: “O vento oriental o leva, e ele se vai; varre-o com ímpeto do seu lugar.” Embora os ímpios, em vida, possam viver na prosperidade mundana, contudo não podem viver aqui sempre, mas devem morrer. O lugar que conhecem não mais conhecerão; e o olho que os vê não mais os verão na terra dos vivos [Jó 7.8].
Seus limites estão inalteravelmente estabelecidos, e, quando o atingirem, devem partir, e deixar todas as boas coisas mundanas. Se viveram na glória exterior, sua glória não os acompanhará; nada que possuam poderá ser levado. Ec 5.15: “Como saiu do ventre de sua mãe, assim nu voltará, indo-se como veio; e do seu trabalho nada poderá levar consigo.” Ele deve deixar todas as suas posses para outros. Se estão tranquilos e quietos, a morte acabará com essa tranquilidade, roubará seu escárnio carnal, e os desnudará de toda sua glória. Como vieram nus ao mundo, nus voltarão, e irão como vieram. Se estocaram muitos bens, por muitos anos, se armazenaram em depósitos, na esperança de ter conforto e prazer, a morte lhes cortará tudo isso. Lc 12. 16: “E lhes proferiu ainda uma parábola, dizendo: O campo de um homem rico produziu com abundância. E arrazoava consigo mesmo, dizendo: Que farei, pois não tenho onde recolher os meus frutos? E disse: Farei isto: destruirei os meus celeiros, reconstruí-los-ei maiores e aí recolherei todo o meu produto e todos os meus bens. Então, direi à minha alma: tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te. Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?” Se têm nos seus peitos muitos desígnios e projetos para promoverem sua prosperidade e vantagem mundana, quando vem a morte, tudo vai-se embora com um sopro. Sl 144.4: “Sai-lhes o espírito, e eles tornam ao pó; nesse mesmo dia, perecem todos os seus desígnios.” E assim, qualquer diligência que tenham tido em buscar sua salvação, a morte desapontará toda essa diligência, não aguardará que eles cumpram seus projetos e esquemas. Se afagaram, enfeitaram e adornaram seus corpos, a morte roubará todo seu prazer e sua glória; tornará seu semblante pálido e seu aspecto repulsivo. Ao invés das alegres roupas e dos belos ornamentos, terão apenas uma mortalha; sua casa será o escuro e silencioso túmulo; e esse corpo que tanto adoravam, se converterá em podridão repugnante, será comido pelos vermes, e se tornará pó. Alguns ímpios morrem na juventude, a ira os persegue, e logo os derruba; não lhes é permitido viver metade dos seus dias. Jó 36.14: “Perdem a vida na sua mocidade e morrem entre os prostitutos cultuais.” Sl 55. 23: “Tu, porém, ó Deus, os precipitarás à cova profunda; homens sanguinários e fraudulentos não chegarão à metade dos seus dias.” Eles são, às vezes, arrebatados em meio ao pecado e à vaidade, e a morte põe fim súbito a todos os seus prazeres juvenis. São, com frequência, interrompidos no meio de uma carreira no pecado, e se seu coração já se apegou firmemente a estas coisas, devem ser separados delas. Não possuem bens, senão os exteriores; mas então deverão eternamente os abandonar, devem para sempre fechar os olhos para tudo o que lhes foi querido e agradável aqui.
4. Os ímpios são, às vezes, sujeitos a muita tribulação e angústia de coração nos seus leitos de morte. Às vezes, as dores do corpo são muito extremas e terríveis; e o que suportam nestas agonias e lutas pela vida, quando corpo e alma estão lutando para separar-se, ninguém saberá. Ezequias teve um senso terrível disso; ele compara a um leão quebrando todos os seus ossos. Is 38. 12, 13: “A minha habitação foi arrancada e removida para longe de mim, como a tenda de um pastor; tu, como tecelão, me cortarás a vida da urdidura, do dia para a noite darás cabo de mim.  Espero com paciência até à madrugada, mas ele, como leão, me quebrou todos os ossos; do dia para a noite darás cabo de mim.” Mas isto é pouco comparado ao que, às vezes, é suportado pelas almas dos ímpios quando estão no seu leito de morte. A morte parece, às vezes, com um aspecto muito horrível para eles; quando ela vem e os encara na face, não conseguem contemplá-la. É sempre assim quando os ímpios têm notícias da aproximação da morte, e têm a razão e a consciência em exercício, e não são estúpidos ou distraídos. Quando esta rainha dos terrores vem e revela a si mesma, e são chamados a encontrá-la, oh, como é terrível seu conflito! Mas é necessário que a encontrem: Ec 8.8: “Não há nenhum homem que tenha domínio sobre o vento para o reter; nem tampouco tem ele poder sobre o dia da morte; nem há tréguas nesta peleja; nem tampouco a perversidade livrará aquele que a ela se entrega.” A morte vem a eles com toda sua terrível armadura, e com seu aguilhão; e é o suficiente para encher suas almas com um tormento que não pode ser expresso.
É ruim para uma pessoa estar em uma cama, doente, ser desenganada pelos médicos, com os amigos ao redor chorando, como se esperassem partir juntos; e em tais circunstâncias não ter esperança, não ter interesse em Cristo, e ter a culpa dos pecados posta sobre sua alma, estar saindo do mundo ser ter feito a paz com Deus, permanecer diante do seu trono de julgamento com todos os seus pecados, sem ter nada para objetar, ou responder. Ver a única oportunidade para se preparar para a eternidade chegando ao fim, depois da qual não haverá mais tempo para aprovação, mas sua situação estará inalteravelmente fixada, e jamais haverá outra oferta de um Salvador. É horrível para a alma chegar às margens do ilimitado mar da eternidade, e insensivelmente se atirar nele, sem qualquer Deus ou Salvador para lhe preservar; ser trazida à beira do precipício e ver a si mesma caindo no lago de fogo e enxofre, e sentir que não tem nenhum poder de impedir sua queda: quem poderá contar os apertos e apreensões do coração em tal situação? Como ela tenta voltar, mas, não obstante, continua; é vão desejar mais uma oportunidade! Oh como ele pensa que são felizes aqueles que estão a sua volta, que ainda podem viver, ter sua vida prolongada, enquanto ele vai para uma eternidade infindável! Como ele desejaria que acontecesse consigo o mesmo que ocorre com os que têm mais tempo de se preparar para a sua provação! Mas não será assim. A morte, enviada com o propósito de chamá-lo, não lhe dará descanso nem alívio: ele deve comparecer diante do trono de Deus como está, ter seu estado eterno determinado de acordo com suas obras. Para tais pessoas, como as coisas parecem diferentes dos seus tempos de saúde, quando contemplavam a morte à distância! Como o pecado lhes parece diferente agora; aqueles pecados que costumavam menosprezar! Como é terrível olhar para trás e considerar como gastaram seus tempos, como foram tolos, como gratificaram e premiaram seus desejos carnais, e viveram nos caminhos da impiedade; como foram descuidados, e como negligenciaram suas oportunidades e vantagens, como se recusaram a ouvir o conselho, e não se arrependeram apesar de todos os avisos que receberam! Pv 5. 11-13: “e gemas no fim de tua vida, quando se consumirem a tua carne e o teu corpo, e digas: Como aborreci o ensino! E desprezou o meu coração a disciplina! E não escutei a voz dos que me ensinavam, nem a meus mestres inclinei os ouvidos!
Como o mundo lhes parece diferente agora! Costumavam lhe dar muito valor, e ter seus corações arrebatados por ele; mas de que vale agora? Como são insignificantes todas as riquezas! Pb 11. 4: “As riquezas de nada aproveitam no dia da ira, mas a justiça livra da morte.” Que pensamentos diferentes têm agora a respeito de Deus, e de sua ira! Eles costumavam desprezar a ira de Deus, mas como ela parece terrível agora! Como o coração deles se comprime ao pensar em comparecer diante desse Deus! Como seus pensamentos a respeito do tempo são diferentes! Agora o tempo parece precioso; e oh, o que não dariam por mais um pouco de tempo! Alguns, nestas circunstâncias foram levados a clamar: “Oh, um milhão de mundos por uma hora, por ummomento!” E como a eternidade parece diferente agora! Sim, ela é de fato terrível. Alguns no leito de morte foram levados a clamar: “Oh essa palavra Eternidade! Eternidade! Eternidade!” Que mar sombrio ela lhes parece, quando chegam às suas margens! Com frequência, nestes tempos, clamam por misericórdia, e clamam em vão. Deus os chamou, mas não ouviram. “Antes, rejeitastes todo o meu conselho e não quisestes a minha repreensão; também eu me rirei na vossa desventura, e, em vindo o vosso terror, eu zombarei”. Rogam a outros que orem por eles, chamam os pastores, mas nada resolve. Chegam mais e mais perto da morte, e a eternidade está mais e mais à porta. E quem pode expressar o seu horror, quando se sentem agarrados pelos braços gelados da morte, quando sua respiração falha mais e mais, e seus olhos começam a ficar fitos e a fraquejar! O que eles sentem, não pode ser dito ou concebido. Alguns ímpios têm muito do horror e desespero do inferno na sua última doença. Ec 5. 17: “Nas trevas, comeu em todos os seus dias, com muito enfado, com enfermidades e indignação.